7º dia da NOVENA – CARTA DO PAPA SÃO JOÃO
PAULO II PROCLAMANDO SANTA EDITH STEIN COMO CO-PADROEIRA DA EUROPA
CARTA
APOSTÓLICA
EM FORMA DE "MOTU PROPRIO"
PARA A PROCLAMAÇÃO
DE SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA,
SANTA CATARINA DE SENA
E SANTA BENEDITA DA CRUZ
CO-PADROEIRAS DA EUROPA
EM FORMA DE "MOTU PROPRIO"
PARA A PROCLAMAÇÃO
DE SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA,
SANTA CATARINA DE SENA
E SANTA BENEDITA DA CRUZ
CO-PADROEIRAS DA EUROPA
JOÃO
PAULO PP. II
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA
(...)
8. Com Edith Stein Santa Teresa
Benedita da Cruz encontramo-nos num diferente ambiente histórico-cultural. De
facto, ela conduz-nos ao centro deste século atormentado, apontando as
esperanças por ele acesas, mas também as contradições e as falências que o
caracterizaram. Edith não provém, como Brígida e Catarina, de uma família
cristã. Nela tudo indica o tormento da procura e a fadiga da
"peregrinação" existencial. Mesmo depois de ter alcançado a verdade
na paz da vida contemplativa, ela teve de viver o mistério da Cruz até ao
fundo.
Nasceu em 1891 de uma família
hebraica de Breslau, que nessa época era território alemão. O gosto que ela
desenvolveu pela filosofia, abandonando a prática religiosa inspirada pela sua
mãe, ter-lhe-ia sugerido, mais que um caminho de santidade, uma vida conduzida
pela nota do puro "racionalismo". A graça, porém, aguardava-a nos
meandros do pensamento filosófico: tendo percorrido o caminho da corrente
fenomenológica, ela soube recolher a instância de uma realidade objetiva que,
ao invés de reconduzir ao sujeito, precedia e determinava o conhecimento,
devendo ser examinada com um rigoroso esforço de objetividade. É necessário
escutá-la, fixando-a sobretudo no ser humano, devido àquela capacidade de
"empatia" expressão que lhe era muito querida que permite, de certo
modo, incorporar o que é vivido pelos demais (cf. E. Stein, O problema da empatia).
Foi nesta tensão de escuta que
ela se encontrou, por um lado com os testemunhos da experiência espiritual
cristã oferecida por Santa Teresa de Ávila e de outros grandes místicos, dos
quais se tornou discípula e propagadora, e por outro lado com a antiga tradição
do pensamento cristão, consolidada no tomismo. Por este caminho ela chegou
primeiro ao baptismo e, depois, à escolha da vida contemplativa na Ordem carmelitana.
Tudo se desenrolou no contexto de um itinerário existencial bastante
movimentado, marcado não só pela busca da vida interior, mas pelo empenhamento
no estudo e no ensino, que ela realizou com dedicação admirável. Foi de grande
apreço, sobretudo no seu tempo, a sua obra a favor da promoção social da
mulher, e são realmente penetrantes as páginas com as quais ela explorou a
riqueza da feminilidade e a missão da mulher do ponto de vista humano e
religioso (cf. E. Stein, A
mulher. A sua tarefa, segundo a natureza e a graça).
9. O encontro com o cristianismo
não foi motivo para ela repudiar as suas raízes hebraicas; pelo contrário,
ajudou-a a redescobri-las em plenitude. Isto, porém, não lhe poupou a
incompreensão por parte dos seus familiares. Sobretudo a desaprovação da
própria mãe lhe causou uma dor intensa. Na verdade, todo o seu caminho de
perfeição cristã se distinguiu não só pela solidariedade humana para com o seu
povo de origem, mas também por uma verdadeira partilha espiritual com a vocação
dos filhos de Abraão, designados pelo mistério da chamada e dos "dons
irrevogáveis" de Deus (cf. Rm 11, 29).
De modo particular, ela fez
próprio o sofrimento do povo judeu, na medida que este aumentava naquela feroz
perseguição nazista que permanece, juntamente com outras graves expressões do
totalitarismo, uma das mais obscuras e vergonhosas manchas da Europa do nosso
século. Sentiu então que, no extermínio sistemático dos judeus, a cruz de
Cristo era carregada pelo seu povo, e assumiu-a na sua pessoa com a sua
deportação e a execução no tristemente célebre campo de Auschwitz-Birkenau. O
seu grito funde-se com o de todas as vítimas daquela horrível tragédia, unido
porém ao brado de Jesus, que assegura ao sofrimento humano uma misteriosa e
perene fecundidade. A sua imagem de santidade permanece para sempre ligada ao
drama da sua morte violenta, ao lado de tantos que a padeceram juntamente com
ela. E permanece como um anúncio do evangelho da Cruz, com o qual ela se quis
identificar no seu mesmo nome de religiosa.
Hoje, vemos Teresa Benedita da
Cruz reconhecer no seu testemunho de vítima inocente, por um lado a imitação do
Cordeiro imaculado e a protesta levantada contra todas as violações dos
direitos fundamentais da pessoa e, por outro, o penhor daquele renovado
encontro de judeus e cristãos, que na linha auspiciada pelo Concílio Vaticano
II, está a conhecer uma prometedora fase de abertura recíproca. Declarar hoje
Edith Stein co-Padroeira da Europa significa colocar no horizonte do velho
Continente um estandarte de respeito, de tolerância e de hospitalidade que
convida os homens e as mulheres a entenderem-se e a aceitarem-se, para além das
diferenças étnicas, culturais e religiosas, formando assim uma sociedade
verdadeiramente fraterna.
(...)
Dado em Roma, junto de São
Pedro, a 1 de Outubro de 1999, vigésimo primeiro ano de Pontificado.
IOANNES PAULUS PP. II
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