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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Novena Meditativa a Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) - Dia 7º

7º dia da NOVENA – CARTA DO PAPA SÃO JOÃO PAULO II PROCLAMANDO SANTA EDITH STEIN COMO CO-PADROEIRA DA EUROPA
CARTA APOSTÓLICA
EM FORMA DE "MOTU PROPRIO"
PARA A PROCLAMAÇÃO 
DE SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA, 
SANTA CATARINA DE SENA
E SANTA BENEDITA DA CRUZ 
CO-PADROEIRAS DA EUROPA
JOÃO PAULO PP. II
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA
 (...)
8. Com Edith Stein Santa Teresa Benedita da Cruz encontramo-nos num diferente ambiente histórico-cultural. De facto, ela conduz-nos ao centro deste século atormentado, apontando as esperanças por ele acesas, mas também as contradições e as falências que o caracterizaram. Edith não provém, como Brígida e Catarina, de uma família cristã. Nela tudo indica o tormento da procura e a fadiga da "peregrinação" existencial. Mesmo depois de ter alcançado a verdade na paz da vida contemplativa, ela teve de viver o mistério da Cruz até ao fundo.

Nasceu em 1891 de uma família hebraica de Breslau, que nessa época era território alemão. O gosto que ela desenvolveu pela filosofia, abandonando a prática religiosa inspirada pela sua mãe, ter-lhe-ia sugerido, mais que um caminho de santidade, uma vida conduzida pela nota do puro "racionalismo". A graça, porém, aguardava-a nos meandros do pensamento filosófico: tendo percorrido o caminho da corrente fenomenológica, ela soube recolher a instância de uma realidade objetiva que, ao invés de reconduzir ao sujeito, precedia e determinava o conhecimento, devendo ser examinada com um rigoroso esforço de objetividade. É necessário escutá-la, fixando-a sobretudo no ser humano, devido àquela capacidade de "empatia" expressão que lhe era muito querida que permite, de certo modo, incorporar o que é vivido pelos demais (cf. E. Stein, O problema da empatia).


Foi nesta tensão de escuta que ela se encontrou, por um lado com os testemunhos da experiência espiritual cristã oferecida por Santa Teresa de Ávila e de outros grandes místicos, dos quais se tornou discípula e propagadora, e por outro lado com a antiga tradição do pensamento cristão, consolidada no tomismo. Por este caminho ela chegou primeiro ao baptismo e, depois, à escolha da vida contemplativa na Ordem carmelitana. Tudo se desenrolou no contexto de um itinerário existencial bastante movimentado, marcado não só pela busca da vida interior, mas pelo empenhamento no estudo e no ensino, que ela realizou com dedicação admirável. Foi de grande apreço, sobretudo no seu tempo, a sua obra a favor da promoção social da mulher, e são realmente penetrantes as páginas com as quais ela explorou a riqueza da feminilidade e a missão da mulher do ponto de vista humano e religioso (cf. E. Stein, A mulher. A sua tarefa, segundo a natureza e a graça).

9. O encontro com o cristianismo não foi motivo para ela repudiar as suas raízes hebraicas; pelo contrário, ajudou-a a redescobri-las em plenitude. Isto, porém, não lhe poupou a incompreensão por parte dos seus familiares. Sobretudo a desaprovação da própria mãe lhe causou uma dor intensa. Na verdade, todo o seu caminho de perfeição cristã se distinguiu não só pela solidariedade humana para com o seu povo de origem, mas também por uma verdadeira partilha espiritual com a vocação dos filhos de Abraão, designados pelo mistério da chamada e dos "dons irrevogáveis" de Deus (cf. Rm 11, 29).

De modo particular, ela fez próprio o sofrimento do povo judeu, na medida que este aumentava naquela feroz perseguição nazista que permanece, juntamente com outras graves expressões do totalitarismo, uma das mais obscuras e vergonhosas manchas da Europa do nosso século. Sentiu então que, no extermínio sistemático dos judeus, a cruz de Cristo era carregada pelo seu povo, e assumiu-a na sua pessoa com a sua deportação e a execução no tristemente célebre campo de Auschwitz-Birkenau. O seu grito funde-se com o de todas as vítimas daquela horrível tragédia, unido porém ao brado de Jesus, que assegura ao sofrimento humano uma misteriosa e perene fecundidade. A sua imagem de santidade permanece para sempre ligada ao drama da sua morte violenta, ao lado de tantos que a padeceram juntamente com ela. E permanece como um anúncio do evangelho da Cruz, com o qual ela se quis identificar no seu mesmo nome de religiosa.
Hoje, vemos Teresa Benedita da Cruz reconhecer no seu testemunho de vítima inocente, por um lado a imitação do Cordeiro imaculado e a protesta levantada contra todas as violações dos direitos fundamentais da pessoa e, por outro, o penhor daquele renovado encontro de judeus e cristãos, que na linha auspiciada pelo Concílio Vaticano II, está a conhecer uma prometedora fase de abertura recíproca. Declarar hoje Edith Stein co-Padroeira da Europa significa colocar no horizonte do velho Continente um estandarte de respeito, de tolerância e de hospitalidade que convida os homens e as mulheres a entenderem-se e a aceitarem-se, para além das diferenças étnicas, culturais e religiosas, formando assim uma sociedade verdadeiramente fraterna.

(...)

Dado em Roma, junto de São Pedro, a 1 de Outubro de 1999, vigésimo primeiro ano de Pontificado.
 IOANNES PAULUS PP. II


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